Nossa História
Do Jujutsu ao Jiu-Jitsu
Dá-se o nome de Jujutsu a um conceito próprio ou característico que reúne determinadas artes marciais japonesas, como taijustu, yawara, kogusoku, torite, entre outros. Tal conceito consiste, resumidamente, no combate corpo a corpo onde se manipula a força do oponente contra ele mesmo, exprimindo o próprio significado etimológico, isto é “técnica suave” ou “arte suave”.
Segundo atesta Jigoro Kano, até o período da Restauração Meiji (1868), existia cerca de uma centena de escolas de Jujutsu no Japão, época em que começou a decadência das artes marciais japonesas, devido, entre outros tantos motivos, à ocidentalização de costumes iniciada no país, o que fez com que algumas tradições fossem extintas, deturpadas ou esquecidas. Por exemplo, em 1871, uma lei proibiu os samurais de portarem suas espadas. O declínio das escolas de artes marciais acelerou. Alguns mestres de Jujutsu tentaram voltar a ensinar as artes tradicionais, contudo o método de ensino já se encontrava decadente ou desvirtuado, o que gerou má fama a algumas escolas.
Por essa época, Jigoro Kano, alto funcionário da marinha imperial e membro de família da elite japonesa, resolveu estudar Jujutsu. Kano encontrou, porém, dificuldade de encontrar bons mestres, uma vez que, devido ao descaimento das escolas, o Jujutsu era visto como prática de desocupados, portanto inadequada à elite.
Em 1882, Jigoro Kano cria sua primeira escola de Jujutsu, denominada Kodokan — que significa “caminho da fraternidade”. Culto e visionário, Jigoro Kano modificou o que aprendeu no Jujutsu antigo, criando o seu próprio estilo, que consistia em um método científico de estudo, além de uma mera arte marcial. Os detalhes de seu estilo eram trabalhados de forma pedagógica, analítica e racional, objetivando uma transformação individual, muito mais do que apenas a formação de um atleta.
O Brasil conheceu a arte de Sensei Jigoro Kano também graças a um mestre de Judo e aluno da Kodokan chamado Mitsuyo Maeda, que foi incumbido pelo próprio sensei de divulgar o Judô no exterior.
É importante chamar atenção a um detalhe muito pertinente. Por causa de suas viagens, Maeda travou contato com outros mestres japoneses pelo mundo, e também com professores de outras artes marciais, proporcionando uma profunda interatividade aliado a um alto grau de intercâmbio. Devido a isso, seu conhecimento de Judo não era apenas teórico, típico de um mestre 5° dan, mas empírico, extremamente amplo e prático.
Maeda chegou ao Brasil em torno do ano de 1914, realizando demonstrações e dando seminários em diversas cidades brasileiras. Nessa época, inclusive no Japão, o termo Jujutsu ou Kano Jujutsu era empregado quando se referia à técnica, sendo que o termo Judo se referia somente à face filosófica.
Destaque-se que o método/estilo criado por Sensei Jigoro Kano restou mundialmente conhecido por Judo (“caminho suave”), quando foi registrado oficialmente pelo governo japonês em 1925, para reconhecer a arte marcial aplicada nas escolas públicas. Logo, quando Maeda chegou ao Brasil o nome Judo não era comum, sendo esperado, consequentemente, que os próprios japoneses denominassem aquela técnica de Jujutsu, ou mesmo Kano Jujutsu. Fato que pode ser confirmado através da manchete do jornal “O Tempo”, em 1915:
“Chega hoje, a bordo do paquete ‘Pará’, a troupe de lutadores japoneses de ‘jiu-jitsu’, que vem fazer as delícias dos freqüentadores dos popularíssimos do Theatro Politheama. Essa troupe que é chefiada pelo Conde Koma, campeão mundial de ‘jiu-jitsu’, desembarcará em trajes orientais, percorrendo as ruas em automóveis. Os espetáculos a serem realizados pela troupe são em números pequenos, porquanto tem ela de, em breve, realizar outros contatos.”
A terminologia “jiu-jitsu” era usada pelos brasileiros para se referir ao Kano Jujutsu, futuro Judo, e, assim, ficou conhecida e denominada a luta apresentada por Maeda ao Brasil, local onde se estabeleceu definitivamente, mais precisamente em Belém do Pará, onde inaugurou sua academia.
Foi no seu dojo que Maeda conheceu Gastão Gracie, de quem se tornou muito amigo. Tal amizade levou Gastão Gracie a confiar seus filhos aos cuidados de Maeda no aprendizado do Kano Jujutsu, sem que se previsse, naqueles tempos, que uma arte única e poderosa dali frutificasse, arte que o mundo conhece e celebra hoje como Gracie Jiu-Jitsu ou, modernamente, BRAZILIAN JIU-JITSU, criado por Carlos Gracie com seu irmão Hélio Gracie.
Em 1925, no mesmo ano em que o Japão oficializou o Judo, surgiu no Rio de Janeiro a primeira academia Gracie, no bairro do Flamengo, no número 106 da Rua Marquês de Abrantes.
A filosofia do Gracie Jiu-Jitsu se desenvolveu objetivando o adestramento do corpo e da mente para enfrentar o cotidiano sob todos os seus aspectos, refreando, através da arte marcial, ânimos belicosos, temperamentos brutos, oriundos, principalmente, de uma grande e generalizada falta de educação e/ou cultura.
O Gracie Jiu-Jitsu, através dos irmão Carlos e Hélio, incrementou e concebeu novas técnicas que, de tão eficientes e modernas, foram reconhecidas como praticamente perfeitas. Grande Mestre Hélio Gracie foi além da teoria, colocando a si próprio, fisicamente, na prática, aceitando desafios que provaram a preeminência de sua arte perante outras modalidades de luta, realizando combates por todo o Brasil.
Quando o Grande Mestre Hélio Gracie se despediu dos ringues, deu lugar ao então fenômeno da família, Grande Mestre Carlson Gracie, aquele que mais lutou, mais desafiado foi, sem nunca ser, contudo, sobrepujado, em razão de seu imenso vigor físico e de sua vasta e inovadora técnica.
Grande Mestre Carlson Gracie foi o grande marco do Jiu-Jitsu no Brasil e no mundo. Sua personalidade carismática e sua metodologia comungavam entre si, criando uma nova cultura de luta e de lutadores. Sua academia gerou excelentes e renomados alunos, escrevendo uma importante fase da história da arte marcial. Sob sua asa, o Jiu-jitsu competitivo começou a procurar a excelência em suas próprias fileiras, dentro de seu universo, rendendo atletas de alta performance e ganhando o mundo.
Seus alunos deviam se dedica totalmente nos treinos, aprimorando o preparo físico em paralelo ao desenvolvimento técnico. As décadas de 70, 80 e 90 viram a equipe de Grande Mestre Carlson Gracie dominar todos os campeonatos de Jiu-jitsu. A academia contava com numerosos e bem treinados lutadores. As mensalidades restavam em segundo plano, pois a prioridade eram os resultados. Alguns atletas campeões eram isentos. Sob essa ótica, o Jiu-jitsu restou aberto a lutadores de todas as classes sociais.
Fernando "Pinduca", Wallid Ismail, Amauri Bitetti, Ricardo De La Riva, Otávio "Peixotinho" Oliveira, Cássio Cardoso, Marcelo Saporito, entre muitos outros, estão no rol de seus grandes lutadores.
A ACADEMIA CARLSON GRACIE LARANJEIRAS é fruto dessa pura linhagem:
Jigoro Kano > Mitsuyo Maeda > Carlos Gracie > Carlson Gracie > Marcelo Saporito > Leandro Boueri.
Através do nosso líder e head coach, CARLSON GRACIE JUNIOR, nós preservamos e difundimos o legado de CARLSON GRACIE, o autêntico JIUJITSU, calcado na tradição, no respeito à instituição familiar, no gentileza e humildade imprescindíveis ao lutador da arte suave.
OSS